terça-feira, 29 de outubro de 2013

Propaganda engenhosa

 Com a  colaboração de Maurício T Dantas

Todos sabemos que a as empresas de publicidade japonesas costumam nos surpreender portanto vejam essa criação da agência Drill para promover o aparelho celular NTT DoCoMo SH-08C que tem base de madeira.

A parte externa do celular é composta por madeira cipreste, que extraídas de árvores usadas em reflorestamento.
Cada aparelho terá sua aparência diferente dos demais, inclusive as cores, desenhos e o as vezes, o formato. Isto se da devido ao fato de que nunca uma árvore usada na fabricação do celular será igual à outra. Além disso, ele apresenta cheiro de madeira e uma excelente resistência a impactos físicos e a água.


A agência criou um xilofone(*) gigante no meio da floresta para apresentar um trecho de "Jesus, alegria dos homens" da Cantata nº 147 de J.S.Bach. 
O projeto levou 4 dias para ser filmado. Veja o vídeo abaixo para ver e ouvir.





(*) Para quem não sabe, Xilofone é um instrumento musical de madeira que normalmente se toca com duas baquetas.

Segundo apurei na web, o aparelho é feito com madeira de reflorestamento, um projeto criado pelo músico Ryuichi Sakamoto em colaboração com a Sharp, Olympus e More Trees. Para mais informações em: http://www.ipodschool.com/2011/05/curiosidade-ntt-docomo-lanca-touch-wood-celular-feito-de-madeira/

Vale lembrar, que esta obra de arte - tanto o celular como a propaganda - foram criados em 2011.


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O lado artístico das moscas!

Baú do Pilórdia 
 Postado em  29OUT2009.

Criatividade sem limites!

1º Mate umas moscas, mas com cuidado.

2º Deixe ao sol por 1 hora até secar.

3º Recolha as moscas, pegue lápis e papel..

.e...deixe a imaginação fluir.

Enviado por e-mail: Maialli.com

domingo, 27 de outubro de 2013

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Reza para tirar olho gordo

E como diz o colaborador Vinhas, Tô Fora!


AU AU AU Criancinhas


Por André Carvalho (*)
Em 22 de outubro de 2013
btreina@yahoo.com.br 

 
AU, AU, AU CRIANCINHAS
Desde que a “presidenta” Rousseff declarou que respeitava muito o ET de Varginha e que o Brasil havia sido inaugurado no Ceará, fiquei com a pulga atrás da orelha pois é sabido que a cidadã não padece do alcoolismo nem mesmo traga, de vez em quando, uma dose qualquer. 
 
Para justificar ideias tão estapafúrdias acredito em um fenômeno maior, que brota de além das esferas terrestres,dos hemisférios cerebrais, dos discursos de campanha ou das asneiras cotidianas.
 
Minha crença ganhou corpo com a entrevista coletiva dada após a abertura da Assembleia Geral da ONU quando a mulher mais poderosa da América Latina assim falou: “Tem uma infraestrutura muito importante para o Brasil, que é também a infraestrutura relacionada ao fato de que nosso país precisa ter um padrão de banda larga compatível com a nossa, e uma infraestrutura de banda larga, tanto backbone como backroll, compatível com a necessidade que nós teremos para entrarmos na economia do conhecimento de termos uma infraestrutura, porque no que se refere a outra condição, que é a educação, eu acho importantíssima a decisão do Congresso Nacional do Brasil em relação aos royalties”.

Isso é conversa de quem foi atirado de um disco voador em redemoinho. É possível que Dona Dilma tenha sido abduzida por alienígenas e retornado da experiência mais desorientada do que seu inventor esteve antes, durante e depois do invento. Com esta viagem “infra-cerebral” me parece óbvio que os tais objetos voadores não identificados - os OVNIS ¬- existem e fazem escala e estripulias no quintal do Palácio da Alvorada.

Talvez o Presidente dos Estados Unidos da América, o Barack Obama,saiba, melhor do que ninguém, o que anda acontecendo de anormal abaixo da linha do equador.

Sempre desconfiei do partido político que tem a cor do demônio, o número do azar, uma estrela de cinco pontas por símbolo e um monte de mulas sem cabeça em seus quadros.

Suponho que, amparado por essas tendências e mobilizado pela onda de manifestações que sacode a nação,os espíritos malévolos resolveram dar as caras, usando como “cavalo” – expressão técnica do candomblé – a Presidente. 
 
É a força do sobrenatural agindo nas portas abertas pelo ilusionismo político criado por marqueteiros. Ela - a força do sobrenatural - se fez presente, animalescamente, nas palavras presidenciais, em um sábado de outubro no Rio Grande do Sul, ocasião em que o Brasil, assombrado, soube das seguintes conjecturas: “Se hoje é o Dia das Crianças, ontem eu disse que criança… o dia da criança é dia da mãe, do pai e das professoras, mas também é o dia dos animais. Sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás, o que é algo muito importante”.

Confesso que nos últimos dias olhei cada criancinha que passava a minha volta e não consegui enxergar nenhum cachorro oculto atrás delas. O que ví foi um poodle branquinho, branquinho, preso a uma coleira azul comandada por uma garota de não mais que oito anos de idade. 
 
Os poderes sobrenaturais estão se tornando uma constante na vida de Dona Dilma. A mãe do PAC, a exemplo de mãe Diná, vem fazendo profecias e mais profecias que nenhuma outra vivente é capaz de fazer. Quer um exemplo recente? Na segunda-feira, dia 14 de outubro, em Itajubá, sul de Minas Gerais, Mãe Rousseff vaticinou o seguinte: “tudo o que as pessoas que estão pleiteando a Presidência da República querem é ser presidente”. Inacreditável, meus amigos! Liguei para o Eduardo, para a Marina, para o Aécio e o Serra sem contudo obter sucesso. Queria confirmar o importante vaticínio.

A coisa vai num crescendo porque logo no dia seguinte ou dois dias depois o petista Jaques Wagner, governador da Bahia, chamou a “presidenta videnta” sua correligionária, de Fada Madrinha e foi contemplado com algo do gênero, (sic) e você é minha varinha de condão. Mágico, se não fosse trágico!
 
(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

CBF - nova gestão, velhas manias

Por Sérgio Rangel
Publicado na Folha de SP em 21OUT
Transcrito do Perca Tempo

Força oculta
O primeiro ficou 56 dias preso em Brasília, envolvido num suposto esquema de desvio de verbas federais no Amapá em 2010.

O segundo foi multado em R$ 1,1 milhão pelo Tribunal de Contas do Amazonas no mês passado, por 35 irregularidades encontradas na sua prestação de contas quando era prefeito de Eirunepé, em 2005.

O terceiro foi preso pelo Exército, acusado de fazer boca de urna em 2010. Dois anos depois, foi eleito prefeito de Boca da Mata, Alagoas.
 


Praticamente desconhecidos do mundo da bola, Roberto Góes, Dissica Valério e Gustavo Feijó fazem parte do pequeno grupo que vai escolher, em abril, o responsável por comandar a mais alta entidade do futebol brasileiro, a CBF.

Os três presidem as federações dos seus Estados. No colégio eleitoral da confederação, eles são maioria, com 27 votos no pleito.

O poder deles é superior ao dos clubes que disputam a primeira divisão do Campeonato Brasileiro deste ano. Juntos, os times, como Flamengo e Corinthians, têm os outros 20 votos em jogo na corrida eleitoral. Responsáveis pela festa em campo, os jogadores, que ontem fizeram protesto antes de cada partida pedindo bom senso, não têm nem poder de voto.

Herdeiro político de Ricardo Teixeira, que ficou 23 anos no poder, o atual presidente da CBF, José Maria Marin, trata com carinho os obscuros cartolas regionais.
 
Amorim


Em campanha silenciosa para fazer o paulista Marco Polo Del Nero seu sucessor na eleição, Marin dobrou os repasses para as federações. O "mensalinho", como é chamado pelos cartolas, pulou em um ano de R$ 30 mil para R$ 60 mil mensais. Pelo menos 18 federações declararam, em seus balanços, que receberam, no mínimo, R$ 732 mil no ano passado. No total, Marin gastou quase R$ 20 milhões com eles. Com tanto dinheiro, não será fácil para a oposição derrotar Marin e Del Nero.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O leilão ... na visão dos chargistas

FRANK
 

ZEDASSILVA
 

AROEIRA
 

CLAYTON
 

JOTAPÊ
 


PAIXÃO
 

SINFRONIO
 

LUTE
 

PELICANO
 

AMORIM
 

MARCO AURELIO

charge online

Ah, esses preços que teimam em decolar...

Por Maria Ines Dolci, em seu  Defesa do Consumidor

Ah, esses preços que teimam em decolar...
Com todo o respeito e sem implicância nenhuma, não vejo claramente o que o comitê interministerial de preços anunciado pelo governo federal poderá fazer para coibir abusos em tarifas aéreas, diárias de hotéis e outros serviços durante a Copa do Mundo de 2014. Afinal, não há como tabelar o que as empresas cobram, admitiu o próprio ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. E os preços já estão acima de qualquer padrão de mercado.

Cardozo falou em acionar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em prol dos direitos dos consumidores. Novamente, não sei por que este órgão faria isso, agora ou nos próximos meses, se deu sinal verde para que a Gol comprasse a Webjet em 2011. E se não reagiu em defesa dos passageiros, um ano depois, quando a Gol anunciou o fim da Webjet, acabando com ex-concorrente que vendia bilhetes aéreos mais baratos.
 
arte de Marco Aurelio


O que motivou a criação do comitê foi a divulgação feita pela Folha de que os bilhetes aéreos no percurso São Paulo – Rio, para o dia 12 de junho de 2014, portanto em plena Copa do Mundo, já custavam, oito meses antes, mais de R$ 2,3 mil. Ora, enquanto houver duopólio neste segmento vital para a economia e o turismo, TAM e Gol continuarão dando as cartas.

Elas são protegidas pela reserva de mercado aéreo (empresas estrangeiras não podem ter mais do que 20% das companhias que atuam nesse segmento no Brasil). Uma medida arcaica, cujo custo é bancado pelos consumidores. A carga tributária que encarece o querosene da aviação, principal insumo da área, também é uma situação que poderia ser enfrentada pelo governo.
Arte de Newton Silva

A Embratur, por outro lado, deveria estar de olho nos hotéis há muito mais tempo. Por que não abrir já uma demanda contra os aumentos desenfreados nas diárias? Falta o que, se já subiram até 500%?

Sinto muito, mas parece mais uma tentativa de dizer, okay, estamos fazendo algo.

A propósito, em qualquer manual básico de economia está escrito que concentração de mercado somada a aumentos de demanda infla os preços. Mas o governo elegeu grupos econômicos para ser ‘campeões’, com injeção de dinheiro público e outros benefícios.

O consumidor não tem nada a ganhar com essa filosofia. Pelo contrário, organizações econômicas hegemônicas decidem preços sem medo de perder mercado, especialmente quando não têm concorrência de grupos internacionais.
 
Arte de Duke

Além disso, soubemos, com anos de antecedência, que sediaríamos a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Por que quase nada foi feito, além de despejar bilhões de reais em estádios? Onde estão as obras de mobilidade? Por que estamos correndo, na última hora, para privatizar a gestão dos aeroportos, se eles já são precários também há vários anos?

Medidas emergenciais são, como diz o nome, para combater crises, emergências. O que é previsível deveria ser enfrentado com planejamento, investimento e ação. Agora, pé no acelerador para tentar minimizar os problemas, quando seria perfeitamente possível fazer as coisas com mais tempo.

O processo de modernização dos aeroportos poderia ter começado em 2005, 2006 ou 2007, quando o cenário mundial era outro, com mais otimismo, crescimento econômico e capital para investimento em infraestrutura. Em 2010, a imagem do Brasil era a de um país que decolava economicamente.
 


Hoje, está difícil até conceder uma rodovia para a iniciativa privada, não somente pela crise que ainda atormenta vastas regiões do mundo, mas também pelo temor da excessiva burocracia e intervencionismo governamental por aqui.

Em resumo, precisamos atacar os gargalos estruturais do Brasil por meio de um processo menos circunstancial e com resultados mais duradouros. De afogadilho, as soluções são menos efetivas, e os custos sociais, financeiros e políticos, sempre maiores. Tenho fé de que um dia aprendamos essa obviedade.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Cristo inspirador dos Black Blocs?

Revelação do Sensacionalista

Novo Testamento pode sair de circulação por ser biografia não autorizada de Cristo
 
A polêmica envolvendo biografias de famosos chegou até as Sagradas Escrituras. Um grupo de religiosos está pedindo a retirada do mercado do Novo Testamento sob a justificativa de que ali estariam presentes dados biográficos não autorizados de Jesus Cristo.
 
 O grupo acusa o texto do Novo Testamento de relatar eventos na vida de Jesus que poderiam comprometer a sua imagem pacificadora como por exemplo o episódio em que o Messias entra no Templo e expulsa os vendilhões revirando suas barracas a força. Os religiosos acreditam que esse trecho poderia incitar o vandalismo.
 
Arte de Aroeira

Do outro lado a Justiça é contra a retirada dos evangelhos das prateleiras e alega que as partes não autorizadas da vida de Jesus não foram colocadas no texto, como por exemplo toda a sua vida dos 13 aos 30 anos.
 

Sobre o lindo som do silêncio

Por Lúcia Guimarães 
Publicado no Estadão em 21OUT
Transcrito do Blog do Murilo

Silêncio, por favor
"Por que todo mundo está brigando?", a criança de seis anos, fazendo cara de choro, perguntou, numa lanchonete carioca. Ninguém estava brigando. O ruído em volta era o habitual, dos funcionários do balcão e dos fregueses que lotavam as mesas. Mas a menina norte-americana tinha acabo de chegar, pela primeira vez, ao Brasil. A história circula, há décadas, na minha família binacional, como anedota sobre diferenças culturais. Hoje, Nova York compete em barulho com cidades brasileiras - 85% das queixas sobre qualidade de vida feitas à prefeitura nova-iorquina são sobre ruído excessivo.
 

Numa tarde recente, marquei encontro com um escritor nova-iorquino no Central Park. Levamos alguns minutos procurando um banco onde houvesse relativo silêncio para gravar a entrevista. O barulho de aviões e helicópteros não podia ser evitado, claro. Mal George Prochnik começou a falar, um apito ensurdecedor nos interrompeu. É o sinal de alerta que dispara automaticamente quando veículos de serviço dão marcha à ré, e um pequeno carro de manutenção do parque se aproximava.

Prochnik abriu um sorriso triste, como se o ambiente em volta argumentasse por ele. Ele é autor de um belo livro sobre o silêncio, In Pursuit of Silence, Listening for Meaning in a World of Noise .
 

À medida que se intensificou a urbanização no século 20, a queixa sobre o ruído foi frequentemente tratada com certo sarcasmo. Exigir silêncio é dar sinal de neurose ou de escapismo. "Por que você não vai fazer artesanato em Mauá?", seria uma reação comum à reclamação sobre o barulho no Rio ou em São Paulo.

Mas, como lembrou meu interlocutor, nas últimas décadas, acumulou-se conhecimento médico sobre o preço que pagamos pela explosão de decibéis. A poluição sonora hoje só perde para a poluição do ar como dano à saúde e fator para encurtar a vida.
Com meu sono leve, sempre invejei aqueles que dormem como uma pedra, a despeito do baile funk do outro lado da rua. Pois os dorminhocos não levam vantagem. O fato é que o homem não desenvolveu a capacidade fisiológica de se adaptar ao excesso de barulho. Um estudo feito na Europa, em bairros perto de um movimentado aeroporto, mostrou que quem continuava dormindo, durante pousos e decolagens, tinha alta de pressão, pulso acelerado e liberava os hormônios ligados ao estresse, não só durante o sono, mas várias horas depois de acordar.
 
Prochnik, que é enfático sem falar alto, me explica por que nós ouvimos. A audição dos mamíferos começou como um sistema de alerta para a presença de outros animais, ainda que distantes. Nosso ouvido evoluiu como um sofisticado amplificador para nos proteger. O fato de que não saímos correndo ou sacamos uma arma quando a ambulância passa na rua quer dizer apenas que a nossa consciência se adaptou à barulheira. Mas parte do cérebro, explica o autor, não evoluiu para processar a mudança do ambiente, de modo que a capacidade de não se incomodar com o ruído alto é, na prática, uma falha que prejudica a saúde.
 
Nunca tinha pensado na relação entre o silêncio e a democracia, mas Prochnik me dá um exemplo que está na origem dos Estados Unidos, no final do século 18. Reunidos na Filadélfia, os fundadores da república, antes de redigir a Constituição, mandaram cobrir de terra a rua de pedras em frente ao Independence Hall. Queriam abafar o trote dos cavalos e outros ruídos de tráfego. Queriam se concentrar para imaginar a nova democracia. A interrupção da concentração por ruídos em volta, ainda que seja a TV ligada na sala ao lado, se reflete, sim sobre o curso da reflexão e consequentemente, sobre a independência do pensamento.

 
Numa realidade de aparelhos digitais, em que a atenção é constantemente fraturada, temos a ilusão de que o multitasking, fazer várias coisas ao mesmo tempo, é um triunfo de controle mental. Não é, afirmam os neurocientistas, e o mesmo vale para a distração por som. Quando alguém diz "o barulho é tanto que não consigo me ouvir pensar" está coberto de razão. Uma das resistências ao controle do ruído é a acusação de elitismo. E Prochnik confirma que o silêncio hoje é privilégio para poucos. Há toda uma indústria para proteger os afluentes do ruído, desde a máquina de lavar mais silenciosa, passando por materiais de construção e a localização de apartamentos.

Nunca tinha pensado na relação entre o silêncio e a democracia, mas Prochnik me dá um exemplo que está na origem dos Estados Unidos, no final do século 18. Reunidos na Filadélfia, os fundadores da república, antes de redigir a Constituição, mandaram cobrir de terra a rua de pedras em frente ao Independence Hall. Queriam abafar o trote dos cavalos e outros ruídos de tráfego. Queriam se concentrar para imaginar a nova democracia. A interrupção da concentração por ruídos em volta, ainda que seja a TV ligada na sala ao lado, se reflete, sim sobre o curso da reflexão e consequentemente, sobre a independência do pensamento.
 

Em seu livro, Prochnik cita um estudo de 1938 que analisava os discursos de Adolf Hitler. A voz do führer tinha uma média de frequência de vibrações mais alta do que a da média da população. O próprio Hitler comentou que não teria conquistado o poder se não fossem os alto-falantes. A voz, como lembrou Charles Darwin, pode ser uma arma de intimidação.

Mas, da conversa com Prochnik, as histórias que mais me assustaram foram sobre o desenvolvimento de crianças. Ele citou um estudo feito numa escola pública americana. A alfabetização de crianças que frequentavam as salas de aula com janela para o tráfego intenso ficava, em média, um ano atrás da alfabetização de crianças que estudavam em salas com janelas para o fundo silencioso do prédio.

Nem só o barulho à distância afeta o desenvolvimento infantil. O problema está na simples eliminação do silêncio. Aqueles aparelhos de ruído branco para abafar o ruído da casa no quarto do bebê? Má ideia, diz ele, recorrendo à pesquisa de Michael Merzenich, um dos pioneiros do estudo da plasticidade do cérebro. Pense numa casa com a TV e um ventilador barulhento sempre ligados. O ruído de fundo permanente tem, sobre a aquisição de linguagem do bebê, efeito semelhante a ser criado por um só adulto que nasceu com fenda palatina. O cientista explica que esta criança aprende a falar, claro, mas a sua língua seria um português inferior porque, no começo do desenvolvimento, ela não pôde distinguir entre o ruído de fundo e a fonética. Então, esta criança já parte para a escola com uma capacidade mais lenta de processar linguagem.





Quando explorou a costa brasileira, Charles Darwin descreveu o contraste do ruído ensurdecedor dos insetos, ouvido nos navios longe da costa, e o silêncio profundo no interior da floresta.

Ao acompanhar certos debates em curso, seja o de políticos no Congresso ou o que divide músicos e biógrafos, lembro da tarde com George Prochnik no Central Park. Os xingamentos, os argumentos simplistas confirmam que o volume do barulho contribui para abafar a democracia.
imagens web

Charges & Cartuns - Meio Ambiente

Baú do Pilórdia

Charges & Cartuns - os melhores aqui publicados sobre...


I - Meio Ambiente


Clóvis Cabalau

Mateus Berttelli / Itália


 Waldez

Mohitin Koroglu / Turquia


Paixão

Tawav Chuntrav / Tailândia

BAÚ DO PILÓRDIA

Ubiratan Porto

Jalal Pirmazabadi / Irã





 Viaduto para caranguejos vermelhos atravessarem uma
 estrada  sem correr riscos durante sua migração, na ilha de Natal.
(Christmas Island National Park, Austrália)